A Marca Agrofamiliar Brasileira  4h1s3n

Fale Conosco: 0800-940-1285 h3t6n

MENU 19512l

Mineração ameaça território de pelo menos 88 assentamentos de Reforma Agrária no RS 5y2b5p

FONTE: Brasil de Fato

O levantamento foi realizado pelo Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM)

O Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM) realizou um levantamento sobre os assentamentos de Reforma Agrária que estão ameaçados pelos projetos de mineração que pretendem se instalar no Rio Grande do Sul nos próximos anos. Esse levantamento indica que há pelo menos 88 assentamentos, localizados na Região Metropolitana de Porto Alegre e na área do Pampa, com áreas sobrepostas a esses projetos. Mais de quatro mil famílias, que vivem nestes assentamentos, podem ser afetadas pela mineração. De acordo com o levantamento do MAM, esse número pode ser ainda maior, pois mais de cem assentamentos no Estado não têm georreferenciamento (definição de sua forma, dimensão e localização, por meio de métodos de levantamento topográfico).
Victor Salgueiro, militante do MAM e mestrando em Desenvolvimento Territorial da América Latina na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), começou a fazer, em agosto de 2018, um mapeamento da nova fronteira de mineração que está se abrindo no Rio Grande do Sul, especialmente na Região Metropolitana e na metade sul do Estado, com um bloco de quatro grandes projetos de mineração: Caçapava do Sul (mineração de chumbo, cobre e zinco às margens do rio Camaquã), Três Estradas (extração de fosfato em Lavras do Sul), Retiro (mineração de titânio em São José do Norte) e Mina Guaíba (mineração de carvão e areia em Eldorado do Sul e Charqueadas).

“As duas margens do Jacuí e um cinturão em volta de Porto Alegre estão mapeadas para mineração de carvão”.

Ele elaborou um mapa onde identifica com quadros em cores diferentes as áreas no território gaúcho que estão em fase de solicitação de lavra, de concessão de lavra, de solicitação de pesquisa ou com pesquisa já autorizada. “Observando o território do Rio Grande do Sul, vemos que a metade sul e a Região Metropolitana estão mapeadas por projetos de mineração. As duas margens do Jacuí e um cinturão em volta de Porto Alegre estão mapeadas para mineração de carvão”, assinala Victor Salgueiro. O projeto do polo carboquímico, por exemplo, pega os municípios de Charqueadas e Eldorado do Sul, mas também atinge Porto Alegre, Viamão e outros municípios da região que também possuem áreas de mineração de areia. Só esse projeto, assinala, trará conflitos territoriais em sete assentamentos da região.
“Áreas de assentamentos já consolidados nesta região de Charqueadas e Eldorado do Sul, que tem uma grande produção de arroz orgânico, estão com projetos de mineração sobrepostos em seus territórios. Elas serão afetadas por esse projeto do polo carboquímico. São áreas de conflito direto por território”, afirma. Como esses assentamentos não têm titulação, observa ainda o militante do MAM, qualquer negociação com as mineradoras tem que ser feita por meio do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que é quem detém a propriedade das terras. Os assentados têm a posse. “Isso traz uma situação de insegurança mas, por outro lado, afasta a possibilidade de negociação individual por parte das empresas. Neste processo, o Incra, na prática, foi aliado das mineradoras porque abriu espaço dos assentamentos para pesquisa, assim como ocorreu em outras regiões”.
Victor também cita os casos de São José do Norte, onde o território do município e alguns pontos do Oceano Atlântico estão mapeados por projetos de mineração, e da região de Hulha Negra e Candiota, onde também há planos para a ampliação da mineração de carvão. Nesta área, diz, há cerca de 20 assentamentos cujos territórios também estão sendo disputados pela mineração. Além dos projetos já conhecidos, o mapa também aponta áreas, na região do Camaquã, onde há estudos para mineração de ouro e prata. Oficialmente, diz Victor, as empresas afirmam que pretendem minerar chumbo. “É só isso mesmo?” – questiona.
Assentados são contra projeto de mineração
Segundo o militante do MAM, a grande maioria das 78 famílias do Assentamento Apolônio de Carvalho e das cerca de 200 famílias que vivem no Condomínio Guaíba City têm uma posição contrária ao projeto de mineração de carvão na região, pois acaba com seu modo de vida e de produção. Guaíba City é uma comunidade que começou a ser construída na década de 60. O assentamento é mais recente, com cerca de 15 anos de vida. “Eles não têm a mínima ideia para onde serão levados caso a mina de carvão vire realidade, nem que condições irão vivenciar. Há comunidades quilombolas e de pescadores nesta região que podem viver a mesma situação. Pelo relato que recebemos de pescadores, cerca de 600 famílias serão afetadas diretamente em seu modo de vida e de sobrevivência econômica”, diz Victor.
Um novo Carajás no extremo sul do Brasil?
“Quando vi esse mapa que o Victor começou a construir, o que me veio à cabeça foi que o Rio Grande do Sul pode virar um novo Carajás”, conta Márcio Zonta, da coordenação nacional do MAM. Zonta acredita que o Rio Grande do Sul pode apresentar, porém, um cenário de resistência à mineração diferente do que se viu em outros estados do país:
“Tirando essa região de Hulha Negra e Candiota, daí pra cima não há nenhum maquinário instalado e quem está sobre o território são os camponeses. Quando digo “camponeses”, estou falando da nossa vertente camponesa brasileira que abrange pequenos agricultores, quilombolas, indígenas, pescadores, ribeirinhos. Esse é um cenário diferente do de outras regiões, onde as mineradoras já se instalaram e se estabilizaram, como é o caso dos quatro principais estados mineradores do país: Pará, Minas Gerais, Bahia e Goiás. Nestes estados, em muitos espaços, os camponeses já foram derrotados e brigam por alguma mitigação ou para não serem aniquilados de vez”.
“Se todos os projetos de mineração conseguirem se instalar aqui, o Rio Grande do Sul aria a ser provavelmente o terceiro ou quarto estado minerador do país”, avalia Zonta. No entanto, ressalta, a grande maioria do campesinato daqui é contra a mineração, pois sabe que o vínculo dele de realização social, econômica e cultural vai ser aniquilado caso ela se instale.
“Por isso eles não querem abrir processo de negociação. Temos a oportunidade de criar aqui uma pedagogia de área livre de mineração, com a população dizendo não à mineração. Isso não foi possível em outros processos como o que ocorreu na Amazônia, por exemplo. Aqui há uma possibilidade de travar esses projetos até porque os territórios são muito articulados entre si. Se há um bloco minerador, também há um bloco de povos que estão nele. Temos 166 projetos de mineração. No entanto, os quatro principais deles se situam em regiões onde a população está articulada e tem fortes vínculos sociais e culturais. Assim, pode ser criada no Sul uma pedagogia nacional para criar em outras regiões áreas livres de mineração, inclusive em territórios onde essas empresas dominam hoje”.
Lembrando o que ocorreu em Minas Gerais, com o rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho, Zonta assinala que o Sul e a Amazônia podem se tornar a “bola da vez” da mineração.
“A Vale não tem mais como se expandir em Minas Gerais e vai tentar se expandir na Amazônia. Outra parte do capital mineral quer se concentrar aqui no Sul, abrindo uma nova fronteira mineral. Cabe lembrar outra questão também relacionada a geopolítica internacional. Os chineses estão enfrentando muitos problemas ambientais e de saúde em função do polo siderúrgico que têm. Esses problemas estão atingindo níveis ináveis para a população. Em função disso, a China está mandando parte de sua produção mundial para outros territórios, entre eles a América Latina. O Rio Grande do Sul está nesta rota, pois aqui há muito carvão e uma rede logística de transporte pronta. A expansão de Candiota (com capital chinês), o projeto da Mina Guaíba e do polo carboquímico estão dentro desse contexto. Em resumo, o colapso em Minas Gerais e o realinhamento da indústria chinesa já estão impactando o extremo sul do Brasil. Mas eles vão encontrar uma resistência aqui que não encontrariam em outras regiões”.

Compartilhe: 6lg1x

Categorias 516j16

MAIS ASSUNTOS w5k5j

MARCO ANCESTRAL: relatório da OEA aponta falhas na proteção dos povos indígenas no Brasil 6d295s

ALERTA AMBIENTAL: no Dia da Mata Atlântica, um pedido urgente para a demarcação de terras indígenas 6565l

+AÇÕES BRASIL: mensagens da campanha “EU SOU CONAFER” revelam  importância da entidade na vida de famílias em todo o país 4p52l

COMBATE AO GARIMPO: no estado do Amazonas, AGU impede mineração na Terra Indígena Tenharim do Igarapé 67n6r

MARCO ANCESTRAL: discussão avança no STF, mas indefinição deixa indígenas desprotegidos 3p5sf

DNA INDÍGENA: estudo da USP publicado na revista Science revela que em 27 milhões de brasileiros corre sangue dos povos indígenas  6v3ws

CONAFER NAS ALDEIAS: na Bahia, SEPOCS promove o futebol para crianças e jovens do povo Pataxó 3b2j4k

GRIPE AVIÁRIA: responsável por 35% do comércio global de frango, Brasil enfrenta proibições nas exportações 3x3j2f

MARCO ANCESTRAL: estudo revela que indígenas são as principais vítimas de conflitos por terra e água y361q

TEMAS 4gb71

ÚLTIMAS NOTÍCIAS 32134

GRIPE AVIÁRIA: 24 países suspenderam a importação de carnes de aves do Brasil; país quer flexibilizar os embargos 3q3n70

ALERTA AMBIENTAL: no Dia da Mata Atlântica, um pedido urgente para a demarcação de terras indígenas 6565l

+PECUÁRIA BRASIL: programa transforma a bovinocultura, injeta quase R$ 6 bilhões na economia e aumenta o PIB com sustentabilidade  6u6864

PRINCIPAIS PROGRAMAS 4h5l5i

Arquivos Conafer 123s3k

HÃMUGÃY 121r16

VEJA TAMBÉM 49175l

+PECUÁRIA BRASIL: sucesso do programa impulsiona aumento de 30% na demanda da pecuária familiar por sêmen geneticamente melhorado  675u18

MARCO ANCESTRAL: relatório da OEA aponta falhas na proteção dos povos indígenas no Brasil 6d295s

GRIPE AVIÁRIA: 24 países suspenderam a importação de carnes de aves do Brasil; país quer flexibilizar os embargos 3q3n70

ALERTA AMBIENTAL: no Dia da Mata Atlântica, um pedido urgente para a demarcação de terras indígenas 6565l

+PECUÁRIA BRASIL: programa transforma a bovinocultura, injeta quase R$ 6 bilhões na economia e aumenta o PIB com sustentabilidade  6u6864

+AÇÕES BRASIL: mensagens da campanha “EU SOU CONAFER” revelam  importância da entidade na vida de famílias em todo o país 4p52l

PL DA DEVASTAÇÃO: meses antes da COP 30, Senado aprova desmonte do licenciamento ambiental 4y5k51

COMBATE AO GARIMPO: no estado do Amazonas, AGU impede mineração na Terra Indígena Tenharim do Igarapé 67n6r